Portugal é dos países da OCDE onde a poupança para a reforma mais caiu com a crise da covid-19

As contribuições para planos de poupança para a reforma caíram 19,6% em Portugal no segundo trimestre face ao mesmo período de 2019. É a queda mais marcada entre os países onde este indicador é apresentado no relatório “Retirement Savings in the Time of COVID-19”, da OCDE, publicado esta segunda-feira

Os tempos são de dificuldade e incerteza, na sequência da crise associada à pandemia de covid-19, e estão a levar os portugueses a poupar menos para a reforma. Essa é uma das conclusões do relatório “Retirement Savings in the Time of COVID-19”, elaborado pela Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Económico (OCDE) e publicado esta segunda-feira e par do “Pensions Outlook 2020”.

Os dados compilados pela OCDE mostram que no segundo trimestre deste ano as contribuições em Portugal para planos de poupança para a reforma (a informação abrange fundos de pensões abertos e fechados, bem como fundos pessoais de poupança para a reforma estabelecidos como fundos de pensões) caíram 19,6% face ao mesmo período de 2019. Isto quando nos primeiros três meses do ano tinham crescido mais de 60% em termos homólogos.

É a quebra mais pronunciada no segundo trimestre entre o conjunto de países selecionados pela OCDE e para os quais são apresentados dados neste indicador. Por exemplo, na Austrália o recuo foi de 1,4%, chegando a 4,7% na Letónia e 16,5% na Polónia.

A análise da OCDE constata ainda que na sequência da pandemia, diversos países, entre os quais Portugal, levantaram as penalizações ou alargaram as condições em que os membros podem aceder às poupanças para a reforma. Isto para ultrapassarem as dificuldades de curto prazo colocadas pela covid-19 nas finanças pessoais e familiares.

No caso de Portugal, em concreto, foram alargadas as condições legais para retirar poupanças de forma antecipada dos esquemas de poupança individual para a reforma (os conhecidos PPR), incluindo situações como o isolamento provocado pela doença, a assistência à família, o lay-off, o desemprego ou a cessação de atividade, aponta a OCDE.

Uma mobilização antecipada de fundos que está limitada a 438,81 euros por mês, valor que corresponde ao Indexante de Apoios Sociais.

A OCDE alerta, contudo, que esta facilitação do acesso antecipado a poupança para a reforma, para providenciar alívio de curto prazo às famílias, tem “riscos potenciais de longo prazo”.

 

In Expresso