A destruição resultante de catástrofes naturais (eventos climáticos e outros, como sismos) somada aos danos resultantes de desastres causados por ‘mão humana’, que provocaram mais 7 mil milhões de dólares de perdas seguradas, o prejuízo global suportado pelos seguros eleva-se este ano aos 112 mil milhões de dólares. Este balanço preliminar, que não inclui ainda as perdas resultantes dos tornados que varreram a região central dos EUA neste mês de dezembro nem os custos com o alongamento da pandemia covid-19, já faz de 2021 o quarto ano mais oneroso para a indústria seguradora desde 1970, estima um relatório o Swiss Re Institute.
Nas últimas cinco décadas, mostra a imagem (em baixo), 2017 foi o ano mais oneroso, com danos segurados que ultrapassaram 160 mil milhões de dólares, logo seguido de 2011 (ano dos terremotos no Japão, Nova Zelândia e cheias na Tailândia) e de 2005, ano em que o furacão Katrina devastou Nova Orleães, e parte do estado de Louisiana (EUA).
Em 2021, as duas catástrofes naturais que mais prejuízos produziram também atingiram os EUA. Enquanto o furacão Ida é identificado como o desastre natural mais caro de 2021 (30 a 32 mil milhões de dólares), a tempestade de inverno Uri é a segunda, com 15 mil milhões de perdas seguradas. Este fenómeno extremo – que gelou infraestruturas de rede elétrica e deixou o Texas sem energia – somada a outros eventos climáticos caracterizados comosecondary perils (consideram-se fenómenos com nível de perigosidade secundária as ondas de calor, incêndios florestais, seca prolongada e cheias) causaram mais de metade dos prejuízos totais, uma vez que os níveis de riqueza e os efeitos das alterações climáticas em áreas propensas a catástrofes significam participações de sinistro e pedidos de indemnização mais elevados.
EVOLUÇÃO de PERDAS SEGURADAS nos últimos 50 anos

Os designados secondary perils, onde se incluem também as tempestades convectivas, trovoadas e chuvas torrenciais que resultaram nas cheias como as que se registaram em junho, na Europa, espalharam danos materiais por inundações (Alemanha, Países Baixos, Bélgica, Suíça e República Checa), por um montante combinado estimado em 13 mil milhões de dólares em perdas seguradas este ano, acrescenta o relatório nomeando ainda as cheias na China e no Canadá. As cheias na Europa, com perdas económicas globais de 40 mil milhões de dólares, mostram a lacuna de proteção seguradora existente na Europa face ao risco de grandes inundações, nota o documento.
“O impacto das catástrofes naturais que vivemos este ano evidencia, mais uma vez, a necessidade de investimentos significativos no reforço de infraestruturas críticas para mitigar o impacto de condições meteorológicas extremas”, afirmou Jérôme Jean Haegeli, economista-chefe do grupo do Swiss Re.
Em preços correntes, os prejuízos económicos globais resultantes das catástrofes em 2021 totalizam estimados 259 mil milhões de dólares, mais 20% do que em 2020 e acima do arredondamento para os últimos 10 anos, calculado em 229 mil milhões de dólares. A fatura global suportada pela indústria seguradora (112 mil milhões) evidencia acréscimo de 13% comparada com a de 2020.
Recursos infográficos acessíveis na plataforma sigma-explorer (Swiss Re Institute) recordam que os sismos que abalaram o Japão, em março de 2011, causando mais de 18 400 mortos e danos totais estimadas em 250 mil milhões de dólares, mantêm-se como a tragédia causadora do maior número de vítimas nos últimos 10 anos.
Desde 1990, os terramotos que atingiram o Haiti (em 2010) e a Indonésia (em 2004) causaram, cada um, perdas materiais de montante inferior às da catástrofe que abalou o Japão, mas o número de vítimas bastante mais elevado, rondando 220 mil em cada um dos casos.